Infiltração: impermeabilização de lages e estruturas rende grandes desafios

As infiltrações ainda são uma das principais fontes de dor de cabeça para muitos clientes. Apesar das muitas tecnologias disponíveis para a impermeabilização de lages e estruturas, não são poucas as obras e reformas que, depois de entregues, descobre-se terem uma complicada relação com a água. Sejam águas pluviais, das chuvas, ou encanamentos danificados ou mal dimensionados.
Na maioria das vezes, isso acontece por descuido ou desconhecimento de quem executa. Projetar adequadamente desde o início uma obra de uma área que estará em contato com a água é sempre a forma mais segura de evitar a infiltração. Nesta fase, em que o espaço ainda não está sendo utilizado ou habitado, as opções são ainda mais vastas, da preparação adequada do concreto ou da massa, passando por diferentes tipos de mantas e películas impermeabilizantes, até o uso de revestimentos e ou desvios adequados para o chamado “caminho da água”.
Ocorre que as falhas neste processo de impermeabilização nem sempre são detectadas no momento da construção. Já com o ambiente habitado, aparece o temido efeito dessa falha: a infiltração. Uma mancha, maior ou menor, que pode seguir-se à fragilização do revestimento, ataque de fungos e, em casos mais graves, chegar a comprometer a estrutura do imóvel.
Lembro-me de um cliente, há poucos anos, que me contatou num momento de desespero extremo. Proprietário de uma fantástica cobertura duples num dos melhores residencias de Florianópolis, estava a ponto de se desfazer do imóvel com enorme depreciação de preço. Não consegui conviver com o gotejamento eventual e a enorme mancha de umidade no teto, quase no meio da sala de estar.
Este cliente já tinha contratado os serviços de outros dois ou três profissionais que haviam feito múltiplas tentativas de resolver a questão. Desde a troca do revestimento da área superior, na parte aberta, a remoção total e reaplicação de contrapiso especial na laje, já com o uso de produtos impermeabilizantes. E a mancha continuava lá. E o gotejamento não aparecia imediatamente, após uma lavagem do piso superior ou exposição à chuva da área descoberta.
Quanto fui contratado, o caso já era de desespero. Seria preciso abrir completamente a laje, refazer toda a estrutura? A que custos? Já havia expirado a garantia, então seria difícil acionar a construtora. Mas começamos a investigação, e nesta hora a experiência profissional conta muito. Já tendo visto todo tipo de infiltrações, é natural num caso desses buscar explicações longe da área afetada. E no piso superior havia dois ralos. Ambos muito longe do local afetado e, à primeira vista, muito bem vedados na lateral e nas bordas. E não havia dutos próximos ou conduítes que explicassem, caso a água viesse de perto dos ralos, como poderia infiltrar bem no meio da sala abaixo.
Prontos para rasgarmos a laje de ponta a ponta, nossa equipe decidiu procurar um pouco mais abaixo do contra-piso, a pouco mais de 20 centímetros de um desses ralos, na direção do centro da laje. Não demorou até descobrirmos a catastrófica soma de dois grandes problemas: um dos canos de fato mostrou ter uma micro-fissura que permitia o vazamento de água, que deveria afetar apenas a área logo a baixo do região do ralo e tornaria muito mais fácil descobrir e detectar a fonte. Mas outro descuido na fase de construção da estrutura da laje acentuou o desafio: um espaçador de madeira foi esquecido e concretado junto com a laje, pouco mais de uma dezena de milímetros abaixo do ponto de vazamento.
Estava completa a receita da catástrofe. A água sempre encontra um caminho. De fato, na madeira, porosa, encontrou um longo caminho que, com o tempo e acúmulo de umidade, permitia que escoasse quase completamente do outro lado.
Não foi preciso destruir totalmente a laje, como pensava o cliente, para resolver definitivamente a situação. Mas ficou uma lição de que, às vezes, mesmo a melhor das tecnologias de impermeabilização não resolve uma infiltração sem uma boa dose de experiência, astúcia e as vezes até uma pitada de sorte.